Parto domiciliar é crime contra a vida

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Há 25 anos trabalho como médico no Rio Grande do Sul. Jamais presenciei tamanha e tão absurda interferência ideológico-política na atividade dos médicos.

Os grupos ideólogos mais radicais descobriram que é relativamente fácil valer-se do medo e da manipulação pelo pânico e, assim, atrair os holofotes da mídia e gerar influência no debate político, ganhando espaço com velhas teses negacionistas contra as ciências médicas. Esta prática forma sectos antivacinistas, negacionistas de todo tipo, abortistas e, agora, os defensores de partos domiciliares estão em evidência.

As mulheres precisam ser alertadas de que uma das maiores conquistas da saúde pública no Brasil, que está no mesmo patamar das campanhas de vacinação de crianças para prevenir doenças respiratórias (BCG), sarampo e poliomielite; refiro-me ao direito das mulheres darem à luz em maternidades que atendem os requisitos estruturais, como equipe completa, salas de cirurgia, hemocentro, leito neonatal.

Antes da obstetrícia moderna e da prevalência dos partos em maternidades o índice de óbitos de gestantes no parto eram altíssimos, em algumas regiões de mais de 10%. Uma verdadeira tragédia, assim como as epidemias de sarampo e tuberculose. Acompanhamento neonatal por médico obstetra, parto em maternidade, feita por médico obstetra devidamente credenciado, são direitos das mulheres e dos nascituros. Defender partos domiciliares ou feitos sem acompanhamento médico é um retrocesso tão brutal quanto acabar com a vacinação infantil contra o sarampo ou a tuberculose.

Estigmatizar os médicos obstetras deve ser motivo de preocupação e de responsabilização até mesmo criminal, assim como outras situações que põe em risco a saúde de milhões de brasileiros. Parto domiciliar é crime contra a vida assim como dirigir embriagado, não vacinar uma criança com a BCG ou deixar um cachorro dentro de um carro ao sol.